você caminha pelas ruas
e sente a comida ainda quente entre
seus dentes
você carrega uma sacola plástica
com o chorume santo que irá curar
as feridas de seu estomago
você ganha mais e mais metros de
calçada a sua frente
uma criança negra ergue a mão para
cumprimentar
você atravessa mais uma faixa de
pedestres
de repente você lembra da peituda
sentada à sua frente no restaurante
sua cueca começa a se retesar para
a esquerda
você você você você você você você
você só precisa de mais algumas
quadras para estar seguro em sua concha
você se pergunta para que serve um
poeta
você lembra que não serve para
muita coisa
então você lembra das garotas que você
comeu
aquelas em que você sonhava na
oitava série
cheiro de liquido amniótico
a vulva de uma garota hebraica se
dilatando
você percebe que não tem mais
controle algum o universo inteiro é excitante
as calçadas são uma planície eterna
espermas flutuantes luzes parasitas
bananas carameladas em rodelas
e você
você continua caminhando
caminhando pelas ruas
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