domingo, 15 de dezembro de 2013

Ereções flutuantes


 
você caminha pelas ruas
e sente a comida ainda quente entre seus dentes
você carrega uma sacola plástica
com o chorume santo que irá curar as feridas de seu estomago
você ganha mais e mais metros de calçada a sua frente
uma criança negra ergue a mão para cumprimentar
você atravessa mais uma faixa de pedestres
de repente você lembra da peituda sentada à sua frente no restaurante
sua cueca começa a se retesar para a esquerda
você você você você você você você
você só precisa de mais algumas quadras para estar seguro em sua concha
você se pergunta para que serve um poeta
você lembra que não serve para muita coisa
então você lembra das garotas que você comeu
aquelas em que você sonhava na oitava série
cheiro de liquido amniótico
a vulva de uma garota hebraica se dilatando
você percebe que não tem mais controle algum o universo inteiro é excitante
as calçadas são uma planície eterna
espermas flutuantes luzes parasitas bananas carameladas em rodelas
e você
você continua caminhando
caminhando pelas ruas





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