sexta-feira, 18 de julho de 2014

verdeoliva



Estava vivendo ali
Naquela fonia escandalosa de goteiras
Toneladas de água filtradas pelo meu teto
Num filete uníssono de sal e a melaquequice dos céus
Doce demais para ser mofo
Claro demais para ser suor

Lamentemos a ocasião fúnebre de nosso melancólico encontro
Na esquina da rua dos arvoredos

Desdobrando ondas cerebrais
Encontrando o eczema de nossa nulidade
Os tímpanos sobressaltados
Deslizando pelas cordas rompidas num adeus silêncio
Pelo arco que se esvai

Tudo é uma piada de mel
Cansar de viver o agora
E dormir como um cavalo sedado
Ao som de um céu verdeoliva
arrependido

Não mais





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sexta-feira, 4 de julho de 2014

O pântano

eu sou um pântano
eu tento boiar
afundo
num germinal lamacento
com o fedor expelido de minhas glândulas
não mais fedorento do que um parisiense imundo
tentativas
tentáculos
o atavismo da figura caída
algumas bolhas deveriam ser perdoadas
são apenas o fenômeno desconhecido de uma miudeza exausta
que borbulhem e reinem sobre nós
toda uma fábula
uma labuta
uma próstata inchada
terror
hoje canso e acordo novamente




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