sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Solilóquio de verão
Ou
A fauna encantada da inércia

Eu sempre estive no lugar errado
Nos anos mais errados
Refogando o lamento quieto
Pelo verde vizinho do gramado
O senhor câncer
O asqueroso ser contagioso
Que insinua o ultimo abraço
Que apaga diante do vaso
Coração suíno
E uma badtrip-tóxicoalimentar
(amanhã depois da chuva)
A mentira de nossa saliência
Planejo e pestanejo
No meu colchão duro colonizado por ácaros cor esperma vencido
Minha vizinha cozinhando sem sutiã
Apenas um objeto sexualizado diz a menina cara de rato
Me entedio com o abismo
Com o frango empanado sabor alma pinto falecido
O filhote de gatopreto se aninha em minha barba
Digo que não sou seu pai
Ele me ignora
O bloco dos mosquitos cegos
Dobro a esquina
Mastigo remorso sem sal
Com salsicha aferventada
Um pseudo zoológico
Fármaco desastre
Boiando pelos dias
Soporizando pelas ondas
Em chamas paliativas descuidadas
Retorno
Atravesso a noite.


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