sábado, 27 de julho de 2013



Ignorar. Ali na outra esquina virando ligeiro e ouvindo as risadas de uma travesti hoje é o dia mundial das drogas das intumescências que guardam as mágoas sobras de jantar para alimentar minhas baratas para vaporizar um lindo cheiro de decomposição em meu cubículo mal focado
Ignorar. O único motivo para viver para escutar vozes alteradas para suplantar a inconsciência plural chafurde velho porco Plutarco em seu roupão um estuprador escovando os dentes em seu teto
Ignorar. Sem laudas para compor uma canção de boa noite de fraldas ensopadas tanto nojo enfeitando nossas paredes seu cinismo suas risadas de olho parado quando foi que você morreu me pergunto em cada minuto
Ignorar. Na frigideira o óleo estoura bate em minha cara a tecla desafinada do piano de Nestor a cada milésimo soprado mil moléculas apodrecendo pensando que ontem era um pesadelo piadas comparadas do que estaria por vir
Ignorar. A canção que repete todos os momentos falésias línguas desajeitadas todos os pelos que cresceram tão rápido um estrago como foice a chuva é uma farsa admito sua coragem mas lamento a conseqüência enxugue tudo em um pequeno pano sem planos apenas ignorar



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segunda-feira, 8 de julho de 2013

Deixo o remorso para os pastores e suas ovelhas violentadas



 Ontem ainda embriagado, senti o peso gelado das algemas em meu pulso. E assim como Jean Genet, aquela bixa larapia dos infernos, vi um sentido indecoroso de profunda redenção, de palavras não ditas, de verdades guardadas; mordendo fungos com chorume. Amando gaivotas além do pier. Desistindo da luta e enterrando suas armas nas areias tímidas, sonolentas e sem ondas. Num enorme e nebuloso salão aberto, onde gravamos o nosso reflexo, onde se deitaram as nossas últimas risadas. 



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