quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

EU indigesto


eu sou Robert Crumb no verão do amor
não há nenhum glamour na loucura
me esvaindo
me descascando
tanta massa penne em molho de tomate
todas elas me olhando
lambuzando suas boquinhas perfeitas
sou o senhor inadequado
sem pedidos de desculpa
escadas o vórtice torpe de minha praga
delírios e calafrios
vamos poeta faça algo mais do que existir
nada mais tolo do que ser poeta
nada mais inútil
um parasita de seu próprio ego
água
gelo
a tormenta retro intestinal
clamei pela cólera letal de meus tormentos
meu presente são as grandes doses
nada de comedimento
sem clemência
piedade é o nome marrom do que faço no vaso
confesso meus crimes
beijo suas penugens
as velhas e novas penugens
o passageiro cruel de um vagão descarrilado
eu sou Robert Crumb no verão do amor
menos alface e mais bois mortos em nossa ceia
meu estômago lambuza dor
lembranças do quarto verde
revisitar piadas pneus plástico retrocesso
amém
passem protetor solar todos os dias
e caso não tenham a capacidade do ódio puro
desejo a todos uma suave indigestão.




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