sábado, 27 de agosto de 2011

o ciclo insatisfeito

como um antílope em desatino
eu arroto cinco vezes
e me pergunto
qual o peso de uma ervilha
tão iguais
tão distorcidas
uma hora ou outra
você acorta com a boca roxa
palavras enigmáticas
um papo furado
anjos e acrobatas
uma ladainha de videntes e estatísticas
a elevação do espírito
que não me convém
vou esperar sua maçã
querida aluna
uma daquelas manchadas
com seu perfume e seu suor

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A língua dos gatos

eu disse a ela
que minha nova
escova era macia
ela disse
e daí
eu disse
as vezes o prosaico
pode ser interessante
os gatos tem
a língua áspera
mas conseguem o
que querem
com suas
brilhantes
órbitas negras

    Para alguém que arrota, sorri por nada e usa muita maquiagem.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

não há pudor em uma cereja

aspirei uma carreira grande
de chocolate com cereja
uma dessas que se
compra junto com
um punhado de beijos
e carícias púbicas
lendo sua carta
ela me comparava a um profeta
eu ri alto
e me imaginei
brincando com meus intestinos
correndo para o sul
deslizando sobre a lama
com passos concêntricos
lamentando o fato de ter sede
e não ter água
diga-me querido espelho
quantos dentes ainda restam
em minha boca