sábado, 19 de dezembro de 2015

Enquanto escutava Erick’s Song



ela ali sentada com cara de beira de penhasco
ela ali sentada vomitando lentilha
ela ali sentada na colcha de estética fracasso
ela ali sentada girando e girando
sua mão azul enluvada
sua mão com duas asppirinas
circulando com os dedos minha testa molhada



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sábado, 28 de novembro de 2015

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Após uma noite de sonhos indecentes
Roberto Manchúria acordou em sua cama de pau duro
Correu os olhos pelas teias
As arestas
A janela quebrada
Lembrou que estava apaixonado por uma garota de trinta outonos
Pela foice que aguarda o ultimo abraço
Havia sangue de tomate
Com massa requentada
Orégano
E um exército de milhos mortos para serem vencidos



para J.L.

..
t u d o  s i g n i f i c a
tudo fede a amendoim e Bavaria
amor de teto
dor nos braços
papel higiênico tom tom
detergente limpol
curtida de butiá no martelo de 50 centavos
a nova sala de minha casa
onde entro
e saio
sem dizer palavra
o pedido acólito
boteco não intimista
boteco sebo sabor mercadinho da esquina
a novela da globo iluminando o buraco
alumínio verde
começa com b termina com a
corte transversal
dois livros não lidos
o cu é testemunha do não remorso espontâneo
eu fugindo da rede
social
real
verbal
material
genital
plural
nesse mesmo canal
no bar mais próximo
amando
a mentira de minha própria escala
deus e a maldade
o gole e o efeito
n a d a  p a r a  m i m



Percebo agora que o mal que me acomete é de uma espécie pouco mencionada nos autos do amor. Poderia afirmar que trata-se de uma parafilia generalizada, uma forma de obsessão pantéica à cerca da juventude..
do belo e do feminino
uma sede insaciável pelo fluido vúlvico
peloaromadoscabelos
uma ânsia pelo ato sensorial do toque
da maciez frutifórmica das carnes
e a textura escorregadia da pétalas rosáceas
da buceta



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Influenza


A última linha de defesa
Se esfacela em artifício e agonia
Contra o parasita opositor
Me declaro inimigo
Ejaculo minha satisfação
Assumo os atos de minhas não afinidades eletivas
E a dor
A justa dignidade
Do triunfo
Do formidável

Do maravilhoso



;~´~

A figura pífia do poeta morre/ São tempos de inutilidade colossal para quem acorda e ainda sonha



Minha mãe trocava minhas fraldas naquele velho olímpico
Ouvi virtualmente de uma menina que não escuto
Em Palmir uma moreninha magrela enche suas narinas de pó
Com sua amiga de curvas violentas
Meu fiel vendedor de vinhos sucumbe ao ostracismo doentio da simples falta
Apenas quero uma garrafa
Um almíscar chamuscado
Aderindo ao núcleo
Amando as penas
Um gole de cada vez
Uma parábola para cada santo
Amando e odiando você
Em pequenos pedaços compostos
De caminhos opostos
Da saliência dos postes
Federemos novamente
A cada manhã



 .,~]

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Um domo

Enjaulado entre o acrílico bege
Prestes a ejacular sobras periféricas de incapacidades virais
Os sonhos que antes eram contidos em domos fantasiosos agora rompem o lacre da serenidade e se expandem como doença plena
Na previsão do tempo as nebulosidades restringem o concerto final
O urro atávico já não é ouvido

Cede lugar ao gemido apenas sufocado pela transparência do suco que induz aos mais absolutos e lindos erros




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quarta-feira, 6 de maio de 2015

não alimente o monstro!
não alimente ou ele pode lembrar quem ele é
não alimente ou os grunhidos podem ser ensurdecedores guturais
não alimente o monstro
com olhares
com cheiros incandescentes sabor passado
não alimente
para não despertar a fome cuja maldição é sempre devorar mais





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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Solilóquio de verão
Ou
A fauna encantada da inércia

Eu sempre estive no lugar errado
Nos anos mais errados
Refogando o lamento quieto
Pelo verde vizinho do gramado
O senhor câncer
O asqueroso ser contagioso
Que insinua o ultimo abraço
Que apaga diante do vaso
Coração suíno
E uma badtrip-tóxicoalimentar
(amanhã depois da chuva)
A mentira de nossa saliência
Planejo e pestanejo
No meu colchão duro colonizado por ácaros cor esperma vencido
Minha vizinha cozinhando sem sutiã
Apenas um objeto sexualizado diz a menina cara de rato
Me entedio com o abismo
Com o frango empanado sabor alma pinto falecido
O filhote de gatopreto se aninha em minha barba
Digo que não sou seu pai
Ele me ignora
O bloco dos mosquitos cegos
Dobro a esquina
Mastigo remorso sem sal
Com salsicha aferventada
Um pseudo zoológico
Fármaco desastre
Boiando pelos dias
Soporizando pelas ondas
Em chamas paliativas descuidadas
Retorno
Atravesso a noite.


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domingo, 11 de janeiro de 2015

Sílfide


A parafernália dos dias
Batendo em minhas costas como tambor de uma guerra que tira as remelas na trincheira ao lado
Sílfide resmungava tendo um pesadelo logo ali
No descompasso flácido dos ácidos
Na maratona suada dos dias
Nas envergaduras tardias das noites
Que despencam e flutuam em cada passo e tropeço alimentado

Sílfide bebeu minha porra
Eu tomei suas boletas
Boletas sagradas aquelas
Eu e minha cabeça de anjo sabor quimera tropical

Cassoulets no jantar e o ódio do bafo quente de todas as nossas janelas verdes
Ainda assim podemos fumar no jardim
Pinceladas de pindoramas
Ao mundo as cores
E aos nossos olhos a ausência de todas delas




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