quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

floração




depois de uma zona de animosidades aflitivas
de temporadas temperadas com mostarda e sensibilidade
decidi voltar ao caule de minha minha flor
voltei a ser um pornógrafo
a testemunhar cada reflexo do fractal da vida como um ato obsceno
uma carga voluptiva prestes a eclodir num jato espasmódico 

de fluidos sexuais a trezentos e vinte oito graus
leio sob a tutela de sussurros a profecia entre as pernas
e talvez por hora só me reste proferir
o gemido/canto desafinado dos bodes
***
chegado o momento fantasiado
as chagas se tornam dor e o papel manteiga vira celulose
com a postura e a virtude cobertas por um manto de certeza indolor ao fim da tarde
ele trafega sob o sol e a noite
impercepto
angustioso
palpável a sua própria indolência incurável

expandem os frutos
as consequências
as viroses
as vicissitudes
ao vácuo que nos restam as florações
todas irmãs doentes do sebo e da cevada da horta
***
ao fim do equinócio expulsaremos a umidade com movimentos bruscos
com atos solares
e o indesejo tácito de encarar um novo ciclo




*
Depois de uma poça de depressão
Escorrendo no sofá amarelo diante de minha incapacidade
E de eu abrir uma schin morna da geladeira
Ela subiu em mim
Veio por cima e sentou aquela boceta cinza lycra colada
Cheirando a perfume lavanda e suor safado pós balé
Cantarolou uma parvoíce em inglês que rolava no youtube
Meu pau duro no samba canção azul
A camisa de botão que minha mãe me deu aberta
Eu e meu umbigo inchado de cerveja apontando para o céu





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