sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O gesto simbólico do messias dilatado



Segundo relatos
Ontem perdi a função da fala
Me comunicava apenas por gestos
Acordei em posição fetal
Vestido
E com a porta aberta
Em meu colchão ghosmento de pós afazia
Duas pérolas para o altar
A garota da toalha assim disse
Se morrer hoje ou amanhã
Sem ganhar um mísero puto com tudo isso
Terei a certeza que despertei a cada dia
Com um gênio
Um simbionte corrosivo e lamacento
Se entranhando em cada partícula flácida
do cadáver pouco comunicativo
desse interlocutor pluviométrico
deus escrevendo um poema na chuva
todo esse espasmo nada modesto de contemplação e asma
nada mais é do que uma irreversível e poderosa vontade
de projetar gases pelo meu esfíncter retro intestinal
e de lembrar de qualquer retalho dessa colcha fabulosa chamada
noite anterior.



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Sobre um certo colapso de gelo
Mesmo em meio a toda aridez daquelas 9 quadras
O filho perdido de uma ninhada extinta
Ouviu ao longe o som metálico da lira do delírio
Chamuscado por anseios decadentes
A tentação das ostras
O tremular de seus pêlos por um vento ancestral
Jamais havia sido tão esperado
Quanto naquele fim de tarde borrado
Alimentado por mãos e tetas nuas
E corrompido pelo ato de queimar a cada novo dia.




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