sábado, 28 de novembro de 2015

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Após uma noite de sonhos indecentes
Roberto Manchúria acordou em sua cama de pau duro
Correu os olhos pelas teias
As arestas
A janela quebrada
Lembrou que estava apaixonado por uma garota de trinta outonos
Pela foice que aguarda o ultimo abraço
Havia sangue de tomate
Com massa requentada
Orégano
E um exército de milhos mortos para serem vencidos



para J.L.

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t u d o  s i g n i f i c a
tudo fede a amendoim e Bavaria
amor de teto
dor nos braços
papel higiênico tom tom
detergente limpol
curtida de butiá no martelo de 50 centavos
a nova sala de minha casa
onde entro
e saio
sem dizer palavra
o pedido acólito
boteco não intimista
boteco sebo sabor mercadinho da esquina
a novela da globo iluminando o buraco
alumínio verde
começa com b termina com a
corte transversal
dois livros não lidos
o cu é testemunha do não remorso espontâneo
eu fugindo da rede
social
real
verbal
material
genital
plural
nesse mesmo canal
no bar mais próximo
amando
a mentira de minha própria escala
deus e a maldade
o gole e o efeito
n a d a  p a r a  m i m



Percebo agora que o mal que me acomete é de uma espécie pouco mencionada nos autos do amor. Poderia afirmar que trata-se de uma parafilia generalizada, uma forma de obsessão pantéica à cerca da juventude..
do belo e do feminino
uma sede insaciável pelo fluido vúlvico
peloaromadoscabelos
uma ânsia pelo ato sensorial do toque
da maciez frutifórmica das carnes
e a textura escorregadia da pétalas rosáceas
da buceta



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Influenza


A última linha de defesa
Se esfacela em artifício e agonia
Contra o parasita opositor
Me declaro inimigo
Ejaculo minha satisfação
Assumo os atos de minhas não afinidades eletivas
E a dor
A justa dignidade
Do triunfo
Do formidável

Do maravilhoso



;~´~

A figura pífia do poeta morre/ São tempos de inutilidade colossal para quem acorda e ainda sonha



Minha mãe trocava minhas fraldas naquele velho olímpico
Ouvi virtualmente de uma menina que não escuto
Em Palmir uma moreninha magrela enche suas narinas de pó
Com sua amiga de curvas violentas
Meu fiel vendedor de vinhos sucumbe ao ostracismo doentio da simples falta
Apenas quero uma garrafa
Um almíscar chamuscado
Aderindo ao núcleo
Amando as penas
Um gole de cada vez
Uma parábola para cada santo
Amando e odiando você
Em pequenos pedaços compostos
De caminhos opostos
Da saliência dos postes
Federemos novamente
A cada manhã



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