quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Velhos quadros

Estou farto de suar!
Frutos caem das árvores
e rolam pela terra
podres como as bolas
de um defunto.
Hoje comprei um livro novo,
" Os três porquinhos e a
fada da indecência".
Conheci uma porta
que falava
e uma mosca
que pedia silêncio.
Senti o cheiro de bueiros
após a chuva.
Senti saudade de meus
mundos vermelhos.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

álcool em gel

Convençam as portas
de que elas não passam
de um pretexto do
comodismo racional.
Esperem pela correspondência branca.
Hambúrgueres plastificados
e álcool em gel para matar
os vestígios fecais de
suas mãos.
Abra suas escotilhas
auditivas para escutar
o clube negro dos motoqueiros rebeldes.
Você me encarando
no mercado.
Eu apalpando sua nudez
em meu sofá.

Miasmas

Estou me desmanchando
de ressaca.
Céus, hoje acordei poético
como uma mula arrombada.
Não me negue seu fumo,
vamos brindar as sacolas
de supermercado .

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O amargo churrasco

De tanto serem espancados
os jumentos acabaram
apáticos como o inverno.

Amaria sua filha
de joelhos se ela
me ignorasse.
A rejeição é uma
boca chupadora indecente.

Proclamo agora liberdade
condicional aos ouriços do mar.
Estufo o peito como
um esquilo prestes
a arrotar suas profecias.

Pedindo aos espelhos o
amor de Anabelle Ribeiro
projetei frases ilegíveis
para minha lápide verde.

O amargo churrasco
que eu jamais comi.
Fale comigo vento diluviano.
Toque mais uma vez,
a minha caixa de música chinesa.