quinta-feira, 29 de março de 2012

Síndrome de Florença




Tanta tensão entre meus polegares
E aqueles lenços epidérmicos
Tanta loucura rastejando em busca de ventosas e orifícios
Um dedo que toca um braço; um hálito que sopra um tormento.

O novo decreto será:
Doses de coerência grátis no boteco da esquina
E a libertação dos golfinhos acrobatas.
Um chute no baço da covardia
Um vórtice azul e cheio de areia se arregaçando
Como a vulva de uma gestante terminal.

Me retesando nas máscaras de Giacometti virei a noite
A passos descuidados corrompendo minha memória
Com frutas que mancharam minhas roupas.
Ambivalência e estranhas circunstâncias, esquecer é tão belo
Como o sorriso senil do quadro
de um poeta em crise
com síndrome de Florença.


.I.

Um comentário:

  1. Devaneios entupidos de lucidez; Ousadia clara, palavras que enchem a minha boca quando releio pela terceira vez em voz alta.

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