Depois
de mais de uma hora e meia esperando sentados em silencio na
semi-escuridão da rodoviária, nos despedimos na porta de seu ônibus, com
um beijo gelado e duas palavras. Ninguém olha para trás. Enquanto
caminho ainda sinto minha barba molhada por alguns instantes. Meu ônibus
roda por 10 minutos até o centro. Eu, o motorista, o cobrador e uma
constipação viscosa entupindo meu nariz.
Sou acompanhado do centro até a porta de minha casa por um vira-lata negro. Vagabundos farejam os seus pares.
Obrigado por tudo e por nada.
Por trás de meus olhos, uma dúzia de cenas do futuro ganham forma.
Nenhuma delas parece agradável. Resta ainda um sentimento de ligação
gratuita e mínima cumplicidade, seria melhor o ódio do que algo tão
medíocre. Meu nariz explode em catarro a três quadras do meu
apartamento. A última imagem que tenho da rua é a cara do meu novo e
ex-amigo canino me encarando na calçada. A última coisa que leio antes
de me enrolar suado e com frio sob meus lençóis é uma mensagem no
celular.
“Foi a pior e mais triste despedida que já tive na vida”.
Massa (:
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