sexta-feira, 7 de março de 2014

Depois de mais de uma hora e meia esperando sentados em silencio na semi-escuridão da rodoviária, nos despedimos na porta de seu ônibus, com um beijo gelado e duas palavras. Ninguém olha para trás. Enquanto caminho ainda sinto minha barba molhada por alguns instantes. Meu ônibus roda por 10 minutos até o centro. Eu, o motorista, o cobrador e uma constipação viscosa entupindo meu nariz.
Sou acompanhado do centro até a porta de minha casa por um vira-lata negro. Vagabundos farejam os seus pares.
Obrigado por tudo e por nada.
Por trás de meus olhos, uma dúzia de cenas do futuro ganham forma. Nenhuma delas parece agradável. Resta ainda um sentimento de ligação gratuita e mínima cumplicidade, seria melhor o ódio do que algo tão medíocre. Meu nariz explode em catarro a três quadras do meu apartamento. A última imagem que tenho da rua é a cara do meu novo e ex-amigo canino me encarando na calçada. A última coisa que leio antes de me enrolar suado e com frio sob meus lençóis é uma mensagem no celular.
“Foi a pior e mais triste despedida que já tive na vida”.

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