sexta-feira, 29 de outubro de 2010

As medalhas de Diego

Fiz planos inconcretos,
se pelo menos ainda
tivesse a outra metade
de meu pulmão.
Se ao menos o sol
ainda incidisse sobre a terra;
mas de nada adianta prantear
sob nuvens cinzentas.
A terceira grande guerra
me levou tudo;
exeto por um punhado
de carne cansada que
minha alma ainda habita.
Jamais voltarei a caminhar
sobre essa lavoura de corpos.
Sou um anátema confinado
a uma cadeira flutuante.
Um herói de guerra,
que passa horas olhando
para o alto, segurando
medalhas desbotadas
contra o peito.
E espera paciente pelo
último clarão que rasgando
o céu me fará sorrir
uma última vez.

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