terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O ideal e a pseudo artista acadêmica


Ela me sorriu com
dentes mais alvos que a lua
seu "olá" aparentemente tímido
soava musical e cativante,
apesar do conteúdo de meu
copo não ser nada etílico
um bastante incomum
ímpeto manifestou-se em mim
encerramos o termino das convenções
formais que marcam o início
de qualquer conversa,
convenções essas que para mim
são barreiras de hipocrisia primitiva
erguidas pelo homem com o único
propósito de remediar o irremediável.
O preto não existe, o branco
não é cor, os corvos não sabem cantar,
peixes de aquário não nadam, eles giram
sobre seu próprio eixo, o céu é
vermelho pois o azul é uma coletiva
ilusão, como já repetia o refrão de
uma música ainda não escrita,
o néctar de doce nada tem, ou
na pior das hipóteses, é mais amargo
que veneno.
Odeio o belo, e idealizo a beleza
quem descobrir o significado de tais
palavras, será como alguém que tira
uma faca de meu crânio,
que rompe as barreiras oníricas do
tempo espaço, de tal forma que o ponto
final será um harmonioso sorriso de resposta.
velhas canções tocam em rádios novos,
um quadro espanhol com a figura
de um cachorro me fez umedecer os olhos,
dancei embriagado pelas estepes
enquanto uma sucessão de raios
cortavam os céus de forma
notavelmente assustadora, sonhava,
nesse sonho apareceu a imagem
daquela que não posso ver, mas
que ardentemente quero tocar,
ontem reneguei a utopia, pois de
loucura já basta creio eu, minha própria
existência.
Após tais divagações e delírios
verbais proferidos pela minha boca
esperei ansioso pela reação
da pseudo artista acadêmica
que estagnada como a rocha de
um penhasco marítimo me fitava.

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