terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A quase cômica tentativa de suicídio de Henri Duchamp

Após ingerir o veneno em uma
única dose cavalar
pus-me a contemplar as três
aranhas que agonizavam no
recipiente diáfano.
E como se vermes raivosos
lutassem para existir numa tumultuada
convulsão, cai ajoelhado de
forma quase epiléptica.
Minha visão adquiriu um
aspecto turvo, sendo que
os outros sentidos tornaram-se
por sua vez quase inexistentes.
Apesar dos esforços sobre humanos
que eu fazia; respirar tornara-se
uma tarefa impossível.
De súbito uma torpe sensação de
conformismo apossou-se de meu eu,
achei que tudo passaria logo, e que
em pouco tempo eu estaria cruzando
a fronteira do reino da morte.
Mal pude concretizar tal pensamento, pois
fui interrompido por um súbito jato
vomitivo que jorrou de minha boca,
seguido de vários outros cada vez mais
violentos; até que por fim cessaram
e eu pude contemplar todo o veneno
empoçado no tapete a minha frente
junto com suco gástrico e os restos
de meu desjejum.
Resolvi então escutar Pavement e
olhar as nuvens.

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