domingo, 18 de dezembro de 2011

O trompete verde da pequena Kim

A pequena Kim picava cogumelos em cubos na sua tábua de carne. A duzentos e setenta quilômetros dali um garoto magrelo imitava uma hiena em um ônibus ao lado de seu amigo que se babava de tanto rir.
Não tardaria para que a psilocibina prestasse suas magias. Sempre há um pé de alfafa para absorver as nossas mijadas.
Os ponteiros do tempo pareciam presos por grilhões e a pequena Kim brincava distraída com seu clitóris quando percebeu uma leve formigação em sua mão esquerda.
Os destroços do navio boiavam preguiçosos, fritando ovos sobre suas superfícies metálicas. Meus braços já quase se despencando do tronco sorriram histericamente quando as pontas de meus pés tocaram nos primeiros grãos de areia. Cai pesado entre conchas, espumas e tatuiras carameladas.
O vórtice havia voltado, como se já não me bastasse o convite de um amigável chá ele precisava sugar o meu medo. Com um esforço abrasivo eu reprimi meus fluxos neurais o quanto pude.
Meus bigodes ralos se empaparam com o sangue abundante que escorria pelas fendas de meu nariz.
A pequena Kim começava a sentir seus lábios tocarem suas orelhas. Sua risada se tornou o som de um trompete azul; ela sabia que um trompete azul tinha o som diferente de um verde.
Mas para todos os efeitos ainda era terça feira.

2 comentários:

  1. q tal uma poesia a cada suspiro de virgenzinho esperando sua rapunzel.............

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