quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ela (parte XV)

Era provável que medisse
mais de um metro e oitenta.
O contraste de seus óculos escuros
com seu rosto fluorescente
era quase ofensivo;
não menos estranhos eram
os movimentos incomuns
que suas mãos mefistotélicas
descreviam ao som da chuva.

Arranquei mais uma mordida
de meu pastel gorduroso de frango
e emborquei o último gole
da cerveja choca.

Quando me dirigi para a porta
ela baixou os óculos e me
encarou com um certo ar insolente.
Seus olhos eram de um azul cinzento,
Tão cinzento quanto as plumas dos
pombos que nos observavam do
telhado vizinho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário