sexta-feira, 4 de junho de 2010

Refeição


Devorava com avidez
os orgão cardíacos das
aves que não voam.
Já satisfeito, esfregou
seus lábios contra as costas da mão,
deixando-a completamente
besuntada de gordura animal.
Recostou seu corpo engendrado
para trás provocando estalos
na madeira de mogno carcomida.
Seus olhos se perderam em
qualquer ponto, enquanto
sua boca entreaberta conjurou
um longo arroto gutural expelindo
gases fétidos e fermentados do
interior de seu abdômen abarrotado.
Passou os dez minutos seguintes
refletindo se havia algo
mais saboroso que devorar
uma porção de coração de frango.

2 comentários:

  1. que belo ponto de vista...
    gostei da alteridade do olhar..
    da provocação que faz com a mesma cena, se fosse vista pelo senso comum, muito bom jogo de adjetivos...
    belas poesias
    vou segui-lo

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  2. quero te convidar para conhecer e participar do projeto Papéis de Circunstâncias
    http://papeisonline.blogspot.com/

    grande abraços

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