depois de uma zona de animosidades aflitivas
de temporadas temperadas com mostarda e
sensibilidade
decidi voltar ao caule de minha minha flor
voltei a ser um pornógrafo
a testemunhar cada reflexo do fractal da vida
como um ato obsceno
uma carga voluptiva prestes a eclodir num jato
espasmódico
de fluidos sexuais a trezentos e vinte oito graus
de fluidos sexuais a trezentos e vinte oito graus
leio sob a tutela de sussurros a profecia
entre as pernas
e talvez por hora só me reste proferir
o gemido/canto desafinado dos bodes
***
chegado o momento fantasiado
as chagas se tornam dor e o papel manteiga
vira celulose
com a postura e a virtude cobertas por um
manto de certeza indolor ao fim da tarde
ele trafega sob o sol e a noite
impercepto
angustioso
palpável a sua própria indolência incurável
expandem os frutos
expandem os frutos
as consequências
as viroses
as vicissitudes
ao vácuo que nos restam as florações
todas irmãs doentes do sebo e da cevada da
horta
***
ao fim do equinócio expulsaremos a umidade com
movimentos bruscos
com atos solares
e o indesejo tácito de encarar um novo ciclo
*